domingo, 21 de junho de 2015

RADIADORA DO MOREIRA: PRECURSORA DO RÁDIO ITAPAJEENSE



Fevereiro/2015 - Homenagem a Moreira

    Um documento digitado na boa e velha máquina de datilografia descreve parte da história de Francisco Moreira Sousa, um morador ilustre do município de Itapajé, interior do Ceará, que ficou popular por causa da sua radiadora.
     
     Moreira, como era conhecido, nasceu em 09 de maio de 1907 e faleceu em 24 de junho de 1992. Neste intervalo conseguiu deixar sua marca e registrar na memória do povo Itapajeense seu espírito de empreendedor e comunicador.

   Quando sequer havia energia elétrica, Moreira adquiriu um motor que foi usado até que a cidade fosse beneficiada com o sistema elétrico. O equipamento servia tanto para a radiadora como para o próprio município. 
     Usando um sistema de som simples instalado na principal praça da cidade e com estúdio nas proximidades, denominado por ele de Studio Royal, Moreira virou celebridade de sua época e hoje é considerado o pioneiro da radiodifusão no município. Ele não foi o precursor apenas do rádio, mas do movimento cultural da cidade de Itapajé.

     Antes mesmo da grande mídia desenvolver estratégias de marketing para a venda dos seus produtos e serviços, um apaixonado por comunicação já tinha suas táticas. Na radiadora do Moreira tudo era notícia, desde a divulgação do comércio local a serviços de utilidade pública, como registros de aniversários, moças que fugiam de casa e até notas de falecimento que eram sempre precedidas da canção Il Silenzio, de Nini Rosso , que era entoada a qualquer hora do dia ou da noite fazendo toda a cidade parar, aflita, para saber quem havia falecido. Populares relatam que esta era uma das principais marcas da famosa Radiadora do Moreira.

Anúncios fúnebres tinham a marca da canção Il Silenzio, de Nini Rosso





Ao som de Teixeirinha cantando "Parabéns", Moreira felicitava os aniversariantes do dia.


    A mudança de pensamento e cultura por ele estimulados, foram de grande valia para que a sociedade Itapajeense da época começasse a ter contato com algum veículo de comunicação e ter discernimento do sistema de interlocução que já vinha acontecendo. Iniciava-se aí, mesmo que timidamente, um processo de tomada de consciência sobre o poder que a mídia pode exercer em determinados grupos. 

     Com o passar dos anos e avanço das tecnologias, vivenciamos as mais diversas formas de manipulações vindas dos meios de comunicação, sejam elas subjetivamente nas propagandas que estimulam ao consumo ou ainda através dos "Líderes-comunicadores" como relata Luiz Beltrão em sua tese de doutorado¹ (1965), na qual uma fonte transmite a informação, que neste caso pode ser representado como os meios de comunicação de massa, para a audiência, onde estão os líderes de opinião que vão repassar a mensagem a partir das suas experiências, cultura, costumes e claro, opinião. 

     A ideia de Francisco Moreira Sousa, foi apenas o primeiro indício das transformações das formas de comunicação e transmissão de ideologias naquela pequena cidade. A partir daí o ato de comunicar-se foi se tornando mais democrático até se transmutar no que é hoje. A realidade de Itapajé foi utilizada apenas para exemplificar o que ocorreu em todos os lugares do mundo, cada um com suas peculiaridades, obviamente. 

As imagens a seguir foram gentilmente cedidas pela Secretaria de Cultura do município de Itapajé. Como os leitores podem verificar é uma entrevista que Francisco Moreira de Sousa concedeu a um repórter pela fato de seu veículo de comunicação local ter adquirido fama e credibilidade.













¹ Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo





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